É com grande satisfação que vemos o cenário de jogos brasileiros amadurecer e entregar títulos de altíssima qualidade, desbancando preconceitos antigos. No Heroes Here 2, desenvolvido pelo talentoso estúdio paulista Mad Mimic, é um exemplo brilhante dessa nova safra. O jogo abandona a fórmula de seu antecessor e mergulha de cabeça em uma proposta ambiciosa e caótica: uma fusão estratégica entre a loucura de Overcooked e a defesa de torre (Tower Defense), polvilhada com elementos roguelike. O resultado desta análise de No Heroes Here 2 é uma experiência cooperativa genial, mas que exige muito mais do que apenas trabalho em equipe: exige resistência.
A Receita da Batalha: Overcooked Encontra Tower Defense
A premissa de No Heroes Here 2 é direta: você e seus amigos precisam defender um castelo de hordas de inimigos. A complexidade, no entanto, está na execução. A jogabilidade é uma dança frenética de multitarefa que será instantaneamente familiar para os fãs de Overcooked. Cada arma exige uma munição específica com sua própria “receita”: é preciso coletar recursos, processá-los em fornalhas (cuidado para não queimar!), prepará-los em bancadas e, finalmente, carregar os canhões para disparar contra os inimigos.
Essa dinâmica é a alma do jogo. Enquanto um jogador forja o metal, outro molda a bala de canhão e um terceiro limpa os equipamentos para que não fiquem inutilizáveis. A comunicação é essencial. Some a isso os elementos de Tower Defense, com inimigos variados que exigem munições mais fortes ou estratégias específicas, e o caos está formado. Para adicionar rejogabilidade, o jogo incorpora um sistema roguelike, permitindo adquirir melhorias aleatórias entre as rodadas.
Um Jogo Feito para Jogar Junto
É crucial ser direto: esta parte do review de No Heroes Here 2 é um aviso. O jogo não é para se jogar sozinho. A experiência foi inteiramente projetada para o caos cooperativo, seja local ou online. É nos gritos, nas ordens desencontradas e nas risadas de desespero que o jogo encontra seu brilho. Tentar gerenciar todas as tarefas sozinho transforma o que seria uma diversão caótica em uma tarefa frustrante e monótona. Se você não tem um grupo para jogar, este título perde seu maior atrativo.
Quando jogado em equipe, ele se torna um “destruidor de amizades” no melhor sentido possível, exigindo sincronia e planejamento rápido, especialmente nos 30 castelos disponíveis, que introduzem modificadores próprios.
O Desafio da Repetição: Quando a Batalha se Alonga Demais
Apesar de sua genialidade, No Heroes Here 2 sofre com um problema fundamental: a duração de suas partidas. Uma única sessão no modo padrão consiste em doze longas rodadas, o que pode levar quase uma hora para ser concluída. O que começa como uma experiência empolgante pode, gradualmente, se transformar em fadiga.
Mesmo em um grupo de quatro jogadores, a repetição do ciclo de criar e atirar por tanto tempo pode levar ao tédio, com os jogadores entrando em “piloto automático”. Embora seja possível reduzir a partida para nove rodadas, a sensação de que ela se estende além do necessário ainda persiste, sendo este o ponto mais fraco de um design de jogo, no geral, excelente.
Vale a Pena Defender Este Castelo?
Visualmente simples, mas funcional, e com uma trilha sonora que acompanha o ritmo frenético, No Heroes Here 2 é um pacote coeso e bem executado. Sua força reside na brilhante fusão de gêneros e na diversão genuína que proporciona em seu modo cooperativo.
Recomendamos fortemente o título? Sim, com uma ressalva importante. Se você tem um grupo de amigos em busca de um novo desafio e são fãs de jogos como Overcooked, este é um prato cheio e uma prova contundente da qualidade do desenvolvimento de jogos no Brasil. No entanto, prepare-se para sessões longas que testarão sua resistência. Para os jogadores solo, a recomendação é passar longe. Para todos os outros, reúnam suas tropas e preparem-se para o caos.
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* Esta análise foi realizada com uma cópia fornecida pela Mad Mimic para PS5
