Em um mar de roguelikes e jogos de construção de deck, Battle Train chega com uma proposta pouco convencional: transformar trens em armas de guerra, em batalhas táticas regidas por cartas e trilhos. Desenvolvido pela Nerd Ninjas e publicado pela Bandai Namco, o jogo convida os jogadores a participar de um reality show onde cada partida representa um novo competidor tentando desafiar o campeão invicto.
Nas primeiras horas com o jogo, foi possível perceber que Battle Train busca mais do que simplesmente seguir fórmulas do gênero. Ele tenta reinventar — e até provocar — o que se entende como uma “experiência roguelike tradicional”.
Uma Arena Sobre Trilhos (Literalmente)
A estrutura de jogo se baseia em partidas rápidas com decisões estratégicas baseadas em cartas, onde o objetivo é criar caminhos com trilhos até a base inimiga. Em vez de apenas jogar para sobreviver, o jogador também precisa estar atento ao design dos trilhos e ao momento certo para atacar com o trem. A proposta é dinâmica e traz um toque de imprevisibilidade que pode gerar partidas bem criativas.
Os decks são construídos ao longo das partidas e trazem cartas tanto de ataque quanto de suporte — incluindo sabotagens, bloqueios e ações defensivas. Há uma boa variedade de caminhos e interações, com espaço para planejar jogadas arriscadas e surpreender o adversário.
Um Universo Excêntrico com uma Proposta Narrativa Ousada
No mundo de Battle Train, tudo gira em torno de um programa televisivo fictício onde o jogador assume o papel de um novo participante tentando alcançar o topo. O vilão da vez é Aalvado, uma espécie de celebridade megalomaníaca que reina há décadas no campeonato de trens.
O jogo intercala combates com pequenas cenas nos bastidores, construídas em estilo documental com humor excêntrico. Há personagens caricatos, piadas e até um rival de horário chamado Todrick, uma tartaruga apresentadora de um programa infantil.
Essa abordagem traz algo diferente ao gênero, focando não apenas na ação, mas também em contar uma história episódica e estranhamente charmosa — algo que pode dividir opiniões, mas com certeza chama atenção.
O Ritmo e os Caminhos que Você Escolhe
Cada tentativa no jogo funciona como um novo episódio do reality show, com múltiplas rotas e decisões a tomar — entre batalhas, lojas e eventos aleatórios. Porém, o diferencial está nos “nós de história”, que surgem em determinados momentos e desbloqueiam novas cenas e avanços narrativos.
Essa estrutura traz uma camada extra de progressão, já que parte do conteúdo só é revelado conforme o jogador atinge certos marcos. Embora isso mude um pouco o fluxo clássico de “chegar até o fim da run”, é uma tentativa de dar identidade ao jogo.
Um Equilíbrio Delicado entre Desafio e Sorte
As mecânicas centrais funcionam bem: criar caminhos, posicionar cartas, desviar de ataques e usar habilidades especiais. Há um bom equilíbrio entre o pensamento tático e o fator sorte — como todo bom jogo de cartas.
No entanto, os desafios contra chefes parecem oscilar em dificuldade. Em alguns momentos, o jogo surpreende pela capacidade do inimigo reverter a situação com uma jogada inesperada. Isso adiciona tensão, mas também pode gerar sensação de desvantagem dependendo da sequência de cartas que aparece.
Ainda assim, para quem aprecia esse tipo de desafio, o sistema mantém a competição acesa e obriga o jogador a pensar fora da caixa.
Vale a Pena Acompanhar Battle Train?
Battle Train é um daqueles títulos que não seguem o trilho mais óbvio. Ele mistura gêneros, desafia convenções e aposta em uma ambientação excêntrica que pode agradar a quem busca algo diferente do comum.
Para quem curte jogos como Slay the Spire ou Monster Train, há familiaridade, mas também surpresas. A narrativa episódica, o visual caricato e as batalhas ferroviárias fazem com que cada nova partida seja, no mínimo, curiosa.
Battle Train está disponível para PC, através da Steam, e também para o Nintendo Switch.
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* Esta análise foi realizada com uma cópia fornecida pela Bandai Namco para Nintendo Switch
